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Hipólita Jacinta, primeira mulher conjurada, ganha lápide no Panteão do Museu da Inconfidência

Notícia publicada em 01/05/2023
por Nathália Silva


Ministra Carmen Lúcia em discurso durante evento de homenagem à Hipólita Jacinta
Imagem: Neno Vianna

A Inconfidente Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, única mulher a participar ativamente da Inconfidência Mineira ganhou, no dia 29 de abril, uma lápide com seu nome no Panteão do Museu da Inconfidência em Ouro Preto. No espaço, se encontram também restos mortais de outros Inconfidentes. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, está representando por uma pedra, porque seus restos mortais foram espalhados em vários pontos após seu esquartejamento no Rio de Janeiro.

Os restos mortais de Hipólita também não foram localizados na igreja de Prados, no Campos das Vertentes, local onde ela foi sepultada. Ela viveu na Fazenda Morro Alto, em Prados, e foi reconhecida pela luta que teve ao lado dos inconfidentes na defesa do Brasil.

A pesquisadora Izabella Souza, que faz parte da equipe de Heloisa Starling, coordenadora do Projeto de resgate e reconhecimento da inconfidente, contou que a terra que foi retirada no dia 21 de abril da Fazenda onde a inconfidentemorou, serviu para prestar duas homenagens: uma ao Tiradentes e outra à Hipólita. Todo o trabalho de retirada da terra está documentado em vídeo para dar credibilidade ao fato.

A terra colocada em uma caixa de pedra sabão feita pelo mestre, Edniz José Reis foi depositada na lápide pela ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, acompanhada do diretor do Museu, Alex Calheiros, do prefeito AngeloOswaldo, artistas, entre outras autoridades. Após a homenagem a ministra, sob aplausos, entoou a frase, “HipólitaViva,“ junto aos presentes.

A ministra também exaltou os exemplos de luta da Inconfidente e lembrou que os atos de Hipólita podem contribuir para se fazer um Brasil melhor: “Nós estamos aqui hoje porque Hipólita existe; a liberdade existe, porque a igualdade é possível; e a solidariedade é necessária para que a gente tenha um país mais justo”, alertou Carmem Lúcia.

O diretor do Museu Alex Calheiros explicou que, o ato de trazer a terra onde Hipólita viveu e marcar a lápide com um Triângulo, símbolo dos inconfidentes, tem o objetivo de chamar atenção no Panteão para a atitude política que Hipólitateve na luta durante a Conjuração Mineira.

O prefeito Angelo Oswaldo lembrou que em 1999, o Governador Itamar Franco deu aqui, em Ouro Preto, a Medalha da Inconfidência "post mortem" para HipólitaJacinta, e a medalha foi levada pelo prefeito de Prados, da época.

Angelo também lembrou que ter uma conjurada no Panteão é algo especial para Ouro Preto que reviveu a Vila Rica dos Inconfidentes. "Hipólita é a história viva da Conjuração Mineira, da nossa Inconfidência e das Minas Gerais. Por isso ela tinha que estar aqui no Panteão dos Inconfidentes. Ela lutou bravamente, ela reagiu no momento final da conspiração. Quando as denúncias começaram a fervilhar por Minas Gerais, ela animou a todos. Foi efetivamente uma participante do movimento na tentativa de não deixar que ele fracassasse”. O momento marca o protagonismo da mulher na construção da história brasileira e a afirmação da igualdade da mulher na era contemporânea. Hoje não se faz nada sem a presença da mulher, do homem, todos juntos, homens e mulheres, todos e todas, como se diz agora”, destacou Angelo.

Também o chefe de gabinete, Zaqueu Astoni, disse que a chegada de Hipólita para o Panteão, considerado altar da liberdade do país, mostra a importância e a ressignificação do papel feminino na construção da Vila Rica, de Minas Gerais e do país.

Nenhuma foto para imaginar os traços físicos de Hipólita foiencontrada. Assim, Ronaldo Fraga, estilista responsável por resgatar a figura dela para a história explicou. “Eu desenho a figura feminina de Hipólita de costas, mas de frente para aideia de liberdade O bordado do vestido foi inspirado no tapete de Corpus Christi com pinceladas características das obras do Guignard. O vestido dela escorrendo sangue em linhas vermelhas de paixão de sangue”.

O evento também foi prestigiado por Zélia Duncan que trouxe para o evento uma canção feita em parceria com Ana Costa. Na canção, um dos refrões diz: Hipólita, Hipólita, da insólita da tua coragem, da margem da história de ontem, que hoje se ajeitam os fatos, Hipólita, Hipólita.

Após o ato simbólico da colocação da Lápide, uma mesa redonda foi formada no anexo do Museu, momento em que o público participou e pôde conhecer um pouco mais sobre a vida da Inconfidente.

 

Reportagem: Cíntia Soares e Názia Pereira  / Revisão: Vanência Magela


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