secretaria municipal de cultura e turismo

Passeio a Ouro Preto com Guignard


Guignard na Praça Tiradentes

Guignard na Praça Tiradentes
Foto por: Luiz Alfredo | 1962


Sobre

Um projeto fruto da parceria entre a Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, representada pelos assessores André Castanheira Maia e Silas de Souza Santos e Museu Casa Guignard, pela coordenadora do museu Wanalyse Emery Pontes

Passeio a Ouro Preto com Guignard é um roteiro pensado para ser feito a pé, inspirado pelas paisagens e desenhos de Guignard mediados pela narrativa histórica de Lúcia Machado de Almeida. Pretendemos proporcionar ao visitante uma aproximação à atmosfera vivida pelo pintor em seus 18 anos de andanças pela cidade, os caminhos que percorreu, suas paisagens inspiradoras, locais onde frequentava e se hospedava, tendo como fio condutor a experiência de Lúcia em Ouro Preto.

O roteiro é dividido em duas partes, que denominamos de Rota Jacuba e Rota Mocotó. As rotas podem ser percorridas durante um dia inteiro, ou dividida em dois dias. A Rota Mocotó é interessante também como um passeio noturno, devido à sua curta duração e pela possibilidade de emular o ambiente boêmio no qual Guignard era costumaz frequentador.

ROTA MOCOTÓ (2,2km – cerca de 2h de duração)
Museu Casa Guignard (1)  > Praça Tiradentes (2) > Adro da Igreja de Nossa Senhora do Carmo (3) > Travessa do Ariera > Rua Paraná > Rua do Pilar > Basílica de Nossa Senhora do Pilar (4) > Rua da Glória > Ponte Seca > Largo da Igreja do Rosário (5) > Rua Getúlio Vargas > Rua São José (6) > Grande Hotel.

ROTA JACUBA (3,8km – cerca de 3h de duração)
Museu Casa Guignard (1) >
 Praça Tiradentes (2) > Lages > Santa Efigênia (7) > Largo do Marília / Santuário de Nossa Senhora da Conceição (8) > Largo de São Francisco / Casa de Gonzaga (9)

A Semana de Arte Moderna de 1922 representou uma ruptura dos valores estabelecidos, uma verdadeira renovação da linguagem artística, da liberdade criativa e apontou a necessidade da construção de uma identidade nacional fundamentada na arte, rompendo com os antigos padrões estéticos europeus e colocando a representação do Brasil sob a ótica dos próprios brasileiros.

Tal proposta de identidade nacional de caráter decolonial não descarta totalmente o passado: os modernistas tinham consciência que a representação de nossa cultura através do patrimônio histórico era peça fundamental para a construção dessa nova consciência. Assim como sintetizou Mariza Veloso Motta Santos, tratava-se "de estabelecer um conhecimento do passado, da tradição que o ilumina, para construir uma consciência nova para o futuro" (Santos, 1996: 80). Em 1924, Mário de Andrade, acompanhado de outros modernistas que tiveram destaque na Semana de 22 – o chamado “Grupo dos Cinco” – desembarca em Ouro Preto a fim de redescobrir o Brasil e pensar nessa nova identidade a partir das cidades históricas de Minas Gerais.

Em 1944, o artista Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) foi convidado para lecionar e dirigir o Curso Livre de Desenho e Pintura da Escola de Belas Artes – atual Escola Guignard – de Belo Horizonte, a convite do então prefeito Juscelino Kubitscheck. Desde então, passa a morar em Minas Gerais, onde transformou profundamente o cenário artístico local e também foi profundamente influenciado pelos cenários e pela cultura mineira, nutrindo um amor especial por Ouro Preto – chamada por ele de “Cidade Amor Inspiração” – onde passou grande parte do tempo em seus últimos anos de vida.

A escritora Lúcia Machado de Almeida (1910-2005), mais conhecida por seus livros infanto-juvenis, tais como O Escaravelho do Diabo, era uma grande amiga de Guignard, que ilustrou os dois primeiros livros da sua trilogia de “Passeios”: Passeio a Sabará e Passeio a Diamantina. Infelizmente Guignard morreu antes de poder fazer as ilustrações do último volume, Passeio a Ouro Preto, mas as caminhadas da escritora junto ao pintor influenciaram definitivamente a obra.


(1) MUSEU CASA GUIGNARD
(...texto)


As citações abaixo são trechos retirados do livro Passeio à Ouro Preto, de Lúcia Machado de Almeida (1980):

(2) VISITANDO A CIDADE: PRAÇA TIRADENTES

À noite tudo é silêncio e a neblina envolve a cidade numa atmosfera de irrealidade e sonho, a gente tem a impressão de que os espectros da Inconfidência resvalam por aqueles becos e muros. Dir-se-ia que, desgarrada do corpo, a cabeça do alferes reclama em vão o mínimo direito de reunir-se aos despojos, para repouso eterno. “E o silencio vacila como a corda de que se dependura o Tiradentes” [1].

Nasce o sol, e o sortilégio acaba. Durante o dia, Ouro Preto se torna movimenta, alegre, e por assim dizer, reajustada a época. Um sopro de juventude percorre as ruas, como se por elas circulasse o próprio fluxo da vida, vermelho e quente. E são turistas de máquina a tiracolo, olhando e fotografando tudo, artistas desenhando a paisagem, estudantes brincalhões vivendo em “repúblicas” espalhadas pela cidade.

Não se deve visitar a cidade com pressa. Vinte e quatro horas pelo menos, são necessárias para que se abram os poros de nossa sensibilidade. Aí então estaremos preparados para melhor aproveitar o passeio.

A Praça Tiradentes – centro da cidade – está situada no antigo morro de Santa Quitéria, marco divisor dos primitivos arraiais de Ouro Preto e Antônio Dias. No meio desta Praça esteve exposta a cabeça do mártir. Segundo a lenda, ela teria sido roubada em certa escura noite da tempestade por um padre que morava no bairro das Cabeças, e que, vez por outra, retirava o crânio de uma caixa, e o colocava numa mesa, ficando em meditação diante dele[2]. Alguns dos mais importantes prédios coloniais de Vila Rica se acham nesta Praça, como, por exemplo, o antigo Palácio dos Governos e a velha Casa de Câmara e Cadeia, atualmente Museu da Inconfidência, e que lhe fica em frente. Repare-se também no solar que pertenceu ao Barão de Camargos e na casa nobre de Dom Manoel de Portugal de Portugal e Castro, último governador da Capitania de Minas Gerais, (1814-1822) cujos méritos continuarão permanente e publicamente aclamados no curioso desenho dos ferros repartidos entre as três sacadas que dão para a Praça, e nos quais se lê: “Para Eterna Memória do Benefício Imortal, Teu Nome Fica Cravado Neste Metal”.

 

PALACIO DOS GOVERNADORES

Construído entre os anos de 1740 e 1750 sob o risco do engenheiro e sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoin. Ei-lo com seu ar de fortaleza, suas paredes de alvenaria feitas com quartzito do bairro das Lages e suas vigas e guaritas que lembram sentinelas alertas. Esse palácio, conforme documentos coligidos por Francisco Antônio Lopes[3] foi construído “no mesmo local da primitiva Casa de Fundição e Moeda, que fronteava a Praça”, esta feita com material precário. Sabe-se que em 1951, depois de construído o Palácio definitivo, o governador Gomes Freire de Andrade reinstalou a Casa de Fundição na parte térrea do próprio prédio “com algumas dependências localizadas em construção a parte”.


CASA DE CAMARA E CADEIA / MUSEU DA INCONFIDENCIA

A construção desse prédio, do qual emana tão solene dignidade, foi iniciada em 1784 durante o governo de Luiz da Cunha Menezes, sob planta deste, e teve como mestre de obras Manoel Francisco de Araújo. Sabe-se que, a fim de custear o trabalho, o governador pediu autorização à Metrópole para fazer correr na vila uma loteria em benefício do mesmo. O prédio só foi terminado em 1846. No alto da fachada, quatro estátuas em pedra esculpidas por artista português decoram as extremidades: a Prudência, a Justiça, a Força e a Temperança. 


(3) IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO

 Planejada inicialmente por Manoel Francisco Lisboa, começada em 1766 e terminada em 1772. Esse templo, administrado pela Confraria da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Ouro Preto (rival da de São Francisco) e frequentado no século XVIII pela aristocracia de Vila Rica, foi construído no mesmo lugar onde inicialmente existia uma capela dedicada a Santa Quitéria. O risco inicial dessa igreja foi quase completamente refundido pelo Aleijadinho: “que encurva sua fachada, suprime-lhe portas, abaúla as faces de suas torres e introduz em seu frontispício os relevos da sobreporta até então desconhecidos na região”.[4]

Além de Manoel e Antônio Francisco Lisboa, os melhores artistas da época, colaboraram em sua decoração, como por exemplo, o “Professor de Pintura” (como ele mesmo se chamava) Manoel da Costa Ataíde, e possivelmente, segundo Rodrigo Melo Franco de Andrade, João Gomes Batista, mestre de desenho de Antônio Francisco Lisboa. As paredes da capela-mor são recobertas de azulejos portugueses em faiança com motivos alusivos à Ordem Terceira do Carmo. Trata-se da única igreja de Minas Gerais ornada com azulejos.

Também de Antônio Francisco Lisboa são algumas esculturas do frontispício, a tarja do arco-cruzeiro e o lavabo em pedra-sabão da sacristia, no qual a Virgem, maternal e feminina, sorri docemente, tendo nos braços a Criança.

 O adro e o cemitério particular da Confraria inspiraram a Carlos Drumond de Andrade essa pequena maravilha:

                        “Não calques o jardim

                        nem assustes o pássaro

                        um e outro pertencem

                        aos mortos do Carmo”.[5]

Não perturbemos o implacável silêncio e o sono sem fim dos que repousam sob as lousas. Prossigamos. Estamos na Rua do Carmo, também chamada Brigadeiro Mosqueira, nome ao que dizem, do primeiro dono da casa do século dezoito onde hoje se acha instalado o “Pouso do Chico Rei”. Ao lado deste, o mais antigo teatro de Minas Gerais e, segundo alguns, do Brasil (1769).

 

(4) MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO PILAR

 Chegamos a uma das mais requintadas igrejas de Ouro Preto, construída pelas Confrarias do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora do Pilar. O frontispício é posterior, e possuía inicialmente uma só torre, até que em 1852, uma outra lhe foi acrescentada. Manoel Francisco Lisboa trabalhou ali como carpinteiro, e o risco da talha em madeira foi executado por Francisco Xavier de Brito. Falemos dos primeiros dias dessa igreja. Uma capelinha fora levantada em 1711, sob a proteção da Virgem Del Pilar (devoção espanhola inspirada na aparição de Maria em cima de um pedestal). Ao ser desdobrada em igreja a primitiva capelinha, e quando as modificações atingiram esta, o Santíssimo Sacramento foi provisoriamente transportado da futura Matriz do Pilar para a Igreja de

Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que ficava no mesmo bairro. O Sacrário lá ficou de 1731 a 1733, depois do que voltou para o antigo altar, em procissão de esplendor digno das “Mil e Uma Noites”. Uma visão nítida dessa feérica apoteose nos foi legada por certo Simão Ferreira Machado, “nascido em Lisboa e morador das Minas”, que a assistiu pessoalmente, e que de tudo o que viu e ouviu fez completo relato, publicado em Portugal (1734) com o nome de “Triunfo Eucarístico”.  Figuras mitológicas – tão ao gosto da época – desfilaram no cortejo, vendo-se os quatro ventos, os sete planetas, vestidos com luxo asiático, e montados em cavalos exibindo selas de veludo bordados a ouro e prata, plumas brancas na cabeça, fitas recobertas de pedrarias descendo pelas crinas.  No meio de tamanha opulência, movia-se o pálio com o Santíssimo Sacramento, seguido pelos representantes dos poderes civil e religioso.

 Há nessa Matriz de tão rica e profusa decoração em talha dourada, verdadeira orgia do barroco, qualquer coisa de profano que impede o recolhimento, e que sugere um salão de festas no qual melhor caberiam minuetos em vez de ladainhas.

 Ao sair, observar a fonte situada no pátio à esquerda da Matriz, na qual a fantasia do artista que a esculpiu utilizou um ornato barroco como bigode da carranca.

 

(5) IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

 De passagem, repara-se na antiga fonte do Rosário, datada de 1735. Eis a curvilínea igreja erigida pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, e que no século dezoito, era reservada à gente de cor. Esse templo passou pelo mesmo processo comum a quase todas as igrejas coloniais brasileiras: primeiro uma capelinha erguida (1709) em torno de uma devoção; mais tarde, construção da nave principal do templo definitivo, sendo a primitiva capela transformada em capela-mor.  As balaustradas das janelas da fachada são de pedra-sabão, os pedestais dos pilares interiores de itacolomito. A solução arquitetônica do arco-cruzeiro é considerada dificílima pelos entendidos.


(6) CASA DOS CONTOS

Veja-se, quando de passagem pela Praça Reinaldo Alves de Brito, a mais famosa fonte de Ouro Preto: o Chafariz dos Contos, terminado em 1745, reconstruído em 1760. Brotando entre volutas e curvas, emerge uma taça que sustenta enorme concha com duas bicas. Repare-se no alto, à direita, o Grande Hotel projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1940 como se fosse um camarote de teatro do qual se observasse o espetáculo da antiga Vila Rica. Vizinha ao Chafariz dos Contos, surge a mais importante residência colonial de Minas Gerais: a Casa dos Contos, construída no final do século XVIII por João Rodrigues de Macedo, e mais tarde assim chamada de acordo com o nome dado às casas onde se guardava o ouro. (Funcionou aqui a Casa de Fundição em sua ultima fase). A fachada é de alvenaria de pedra, e de seu vestíbulo monumental sai uma grandiosa escadaria que termina por florão e pinha.


(7) IGREJA DE SANTA EFIGÊNIA

Não se pode deixar de visitar a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, também conhecida como “Santa Efigênia”, erguida pela Confraria do Rosário, e que fica nas Vizinhanças da Fonte do Alto da Cruz. Conforme a tradição, esse templo, cuja talha é de Francisco Xavier de Brito, e que teve como consultor técnico Manoel Francisco Lisboa, foi construído por Chico Rei e sua tribo, com o ouro tirado da mina da Encardideira. Segundo Lúcio Costa, essa igreja, erguida entre 1742 e 1749, foi posteriormente reconstruída em pedra, e sofreu diversas adaptações. Repare-se nos quatro painéis laterais das ilhargas da capela-mor, onde, numa decoração que sugere esmaecida tapeçaria cor de areia desenhada a nanquim azulado o artista Manoel Rabelo de Souza executou a óleo em pintura “grisalha” (só em duas cores) cenas de dança e caça, escravos carregando liteira, soldados marchando, namorados conversando, músico tocando violino, todos vestidos à moda do século dezoito. Observar no nicho da portada uma imagem de Nossa Senhora do Rosário atribuída ao Aleijadinho. Conta a lenda que, vez por outra, ouvem-se, nessa igreja quando deserta, vozes misteriosas conversando em língua africana.

Descendo a ladeira de Santa Efigênia, à direita, de fronte a um oratório, na encruzilhada com a Rua do Barão do Ouro Branco, ver-se-á, a casa branca com seus quinze quartos e salas forrados de esteira, onde, segundo a tradição oral, viveu muitos anos o bandoleiro Antonio Francisco Alves, o “Vira Saia”. (...). Como que autenticá-la, enfrentou o tempo uma placa de pedra-sabão embutida numa pilastra, na qual com caligrafia da época, se pode ler: “Antônio Francisco Alves o fez a sua custa. Pelas Almas P. N.A. M. A. – 1741”.

 

(8) MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

 Continuando a descer a ladeira de Santa Efigênia, chegaremos ao Largo de Dirceu com sua velha fonte construída em 1759. Onde teria vivido Maria Dorotéia?

Alguns historiadores situam sua residência – pelo menos no período da juventude – na casa até hoje existente atrás do Chafariz de Marília – e hoje sede do Clube 15 de novembro. Ali viveu Ana Ricarda, irmã da Bela, e é possível que as duas morassem juntas, ou pelo menos, que a moça lá gastasse boa parte de seu tempo. Essa suposição é baseada na indicação dada por Gonzaga em “Marília de Dirceu (parte II, Lira 37)”, quando diz:

                        “Toma de Minas a estrada

                        Na Igreja Nova, que fica

Ao direito lado e segue

Sempre firme a Vila Rica

Entra nessa grande terra,

Passe uma formosa ponte

Passe a segunda, a terceira

Tem um Palácio de fronte!”

 

Sabe-se também que os Ferrões, parentes da moça, possuíam uma chácara no lugar onde posteriormente foi construído o atual prédio da Escola Marília de Dirceu. Essa chácara, mais tarde herdada por Marília, é citada pelo Imperador Pedro II em seu “Diário de Viagem”, quando veio a Minas Gerais em 1881, portanto apenas vinte e oito anos após o falecimento da musa de Gonzaga. Em certo trecho diz Sua Majestade: “Fui ver a casa de Marília de Dirceu, onde conservam uma cadeira e o cabide na alcova em que dormia. Cortaram os pinheiros que havia no fundo da pequena chácara”, etc. (...).

 Atravessando pouco adiante a ponte de Antônio Dias (ou de Marília) datada de 1755, e que ainda conserva características romanas, reparar a casa a casa nobre, onde o pintor Guignard viveu os últimos tempos de sua vida. (...).

 Chegamos à Praça Antônio Dias, onde nos idos de 1799 foram construída por aquele bandeirante uma capelinha sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. A construção definitiva dessa igreja, que, segundo Rodrigo Bretas, teve como mestre de obras de um tio do aleijadinho por nome Pombal, foi feita por iniciativa da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Iniciada em 1727, só foi terminada na segunda metade do século dezoito. (...).

 Marília e o Aleijadinho frequentaram essa igreja. Segundo documentos, os despojos do escultor estão sepultados junto ao altar da Boa Morte. Quanto aos restos mortais de Maria Dorotéia, sabe-se que foram enterrados junto à capela-mor e lá ficaram até serem transladados para a sala contígua ao Mausoléu dos Inconfidentes. (...).

 

(9) IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

 Reparemos a casa onde viveu durante quatro anos o poeta e Inconfidente Tomaz Antônio Gonzaga. No século dezoito o prédio era bem da Coroa e servia de residência aos ouvidores em exercício. Na casa ao lado morava uma tia de Maria Dorotéia ou melhor, Marília, frequentemente visitada pela moça. E foi numa dessas idas e vindas que o Poeta a viu pela primeira vez e quase enlouqueceu de amor. Nesse prédio funcionou durante algum tempo o extinto Museu do Instituto Histórico de Ouro Preto. Bem em frente à “Casa de Gonzaga” eis a Igreja de São Francisco de Assis, com suas duas torres cilindradas, iniciada em 1766 pela Confraria da Ordem Terceira dos Franciscanos, e tão impregnada de Antônio Francisco Lisboa. Sim, pois o Aleijadinho não só lhe desenhou o plano interno e externo, riscou e executou o altar-mor, o retábulo e os altares, como também fez as esculturas da portada, dos púlpitos e do chafariz da sacristia, em pedra-sabão. (...).

 Ao lado da Igreja, o cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, iniciado em 1831. Ali repousa, por desejo expresso, o pintor Alberto da Veiga Guignard, falecido em 1962. Franciscano de espírito, o artista ainda quis – póstumo consolo – ter esse ponto de contato com o “Poverello” de Assis, motivo frequente em seus quadros. Neste Largo de São Francisco existiu outrora o pelourinho de Vila Rica. (...). 




[1] Guilherme de Almeida – Descobrimento de Vila Rica, outubro de 1943.

[2] Bernardo Guimarães – Lendas e Romances.

[3] Palácios de Vila Rica –Imprensa Oficial –Belo Horizonte – 1955.

[4] Sylvio de Vasconcellos. “A Arquitetura Colonial Mineira” – Primeiro Seminário de Estudos Mineiras – Universidade de Minas Gerais.

[5] Fazendeiro do Ar e Poesia Até Agora – Carlos Drumond de Andrade – pg. 462 – Estampas de Vila Rica – Editora Livraria Olímpio – 1955 – Rio de Janeiro.




Bibliografia

ALMEIDA, Lucia Machado de. “Passeio a Ouro Preto”. – Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980.


SOUZA, Valmir de. Poetic memory of space: Ouro Preto by Murilo Mendes. Estudos Históricos (Rio de Janeiro), v. 22, n. 43, p. 163-175, 2009.


THOMAZ, Mariana Rodi. Guignard e a pintura de paisagem de Ouro Preto: imagem e memória. 2018.









 - Para turistas com pouca prática em subir e descer nossas ladeiras, recomendamos que cada etapa do roteiro seja feita em um dia. Pro turista que está com a atividade física em dia, dá pra fazer tranquilamente durante o dia, com uma pausa para o almoço (hipótese em fase de teste);
- Levar: bloco para anotações e caneta, tênis ou bota confortáveis, antiderrapantes e em bom estado: o calçamento de algumas ruas pode causar danos nos calçados. Recomenda-se o uso de roupas leves;
- Limite de pessoas para o roteiro: 15;
- Caso o tempo esteja chuvoso, cuidado para não escorregar;
- Algumas ruas são estreitas e o pedestre acaba disputando espaço com os carros. Tome cuidado ao sair da calçada, sempre olhe para ambos os lados da via.
Duração: Rota Mocotó: 2h; Rota Jacuba: 3hDistância: Rota Mocotó: 2,2km; Rota Jacuba: 3,8kmAltimetria: -