No próximo dia 30 de novembro, será inaugurada a exposição Paisagens Mineradas: marcas no corpo território no anexo do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto (MG). Com visitação gratuita até 15 de março de 2025, a mostra é uma poderosa reflexão sobre as consequências da mineração, especialmente no contexto do rompimento da barragem de Mariana, ocorrido em 2015, e marca os 9 anos dessa tragédia ambiental.
A exposição reúne o trabalho de 12 mulheres artistas, que, por meio de diversas linguagens – de pinturas e gravuras a instalações e videoarte – abordam o impacto devastador da mineração nas paisagens físicas e simbólicas do Brasil. Além de denunciar os danos causados por essa prática, as obras também dialogam com a possibilidade de regeneração e resistência diante da destruição.
Entre as artistas que compõem a exposição estão Beá Meira, Coletivo ASA (Associação de Senhoras Artesãs de Ouro Preto), Isadora Canela, Isis Medeiros, Julia Pontés, Keyla Sobral, Lis Haddad, Luana Vitra, Mari de Sá, Murapyjawa Assurini (do Coletivo Kujÿ Ete Marytykwa'awa), Shirley Krenak e Silvia Noronha. Juntas, elas criam um espaço visual e sensorial que convida o público a refletir sobre o futuro das paisagens e dos corpos que foram marcados pela mineração predatória.
A escolha de Ouro Preto como sede da exposição carrega grande simbolismo. A cidade, que foi o epicentro do ciclo do ouro no Brasil, agora recebe uma mostra que não só revisita a história da mineração, mas também a critica, propondo um confronto com as cicatrizes deixadas por essa prática secular. O Museu da Inconfidência, localizado na antiga Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica, se torna o palco de uma reflexão sobre as violências cometidas contra os corpos humanos e os corpos-territórios, ampliando a consciência sobre as consequências ambientais e sociais da exploração mineral.
O evento é uma iniciativa do Instituto Camila e Luiz Taliberti, em memória dos irmãos Camila e Luiz Taliberti, vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho em 2019. Para a presidente do Instituto, Helena Taliberti, a exposição é uma forma de manter viva a memória das vítimas e de seguir na luta por justiça. "Esta exposição é um convite para refletirmos sobre o futuro que estamos construindo e as consequências das nossas escolhas", afirmou Helena.
A curadoria de Paisagens Mineradas é assinada por Isadora Canela e Carla Cruz, e a coordenação é de Marina Kilikian. A mostra, que também possui uma forte carga simbólica ligada à luta feminista, destaca o protagonismo das mulheres na arte e na resistência. Como destaca a curadora Isadora Canela, a participação integral de mulheres artistas na exposição é uma forma de subverter a lógica de um sistema que historicamente tem normalizado a violência, tanto contra a natureza quanto contra as mulheres.
Ao reunir arte, memória e ativismo, Paisagens Mineradas não é apenas uma exposição, mas uma convocação ao pensamento crítico sobre o passado, o presente e o futuro das nossas paisagens e de nossos corpos. É uma oportunidade de refletir, de honrar as vidas perdidas e de imaginar, através da arte, novas formas de regeneração e resistência diante da devastação.
A exposição Paisagens Mineradas: marcas no corpo território estará aberta ao público no anexo do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, até 15 de março de 2025. Não perca a chance de vivenciar uma experiência sensível e profunda sobre o impacto da mineração e a busca por justiça e renovação.